Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
eleições 2022

Governadores eleitos se comprometem pouco com população LGBTI+ em planos de governo

Ações amplas e genéricas, especialmente em segurança pública, são maioria entre as propostas

Apesar de ser citada nos planos de 10 dos 15 governadores eleitos no 1º turno, a população LGBTI+ obteve poucos compromissos concretos dos candidatos vencedores nos Executivos estaduais. Reportagem da Diadorim verificou que ações amplas e genéricas, especialmente na área de segurança pública, são maioria entre as propostas. Além disso, os governadores reeleitos de Minas Gerais e Rio de Janeiro, que figuram entre os três estados mais populosos do país, não propuseram qualquer medida para essa população em seus programas.

As conclusões são baseadas na análise dos planos protocolados pelas campanhas dos governadores eleitos na Justiça Eleitoral. Trata-se de um documento oficial, que é exigido de todos os candidatos a cargos no Poder Executivo.

Propuseram ao menos uma proposta inteiramente voltada à população LGBTI+ os governadores eleitos ou reeleitos Clécio Luís (Solidariedade-AP), Elmano de Freitas (PT-CE), Fátima Bezerra (PT-RN), Gladson Cameli (PP-AC), Helder Barbalho (MDB-PA) e Rafael Fonteles (PT-PI)

Carlos Brandão (PSB-MA), Ibaneis Rocha (MDB-DF), Ratinho Júnior (PSD-PR) e Ronaldo Caiado (União-GO) citam a população LGBTI+, mas em propostas em conjunto com outros grupos como pessoas com deficiência, idosos e mulheres.

Segurança

A segurança é a principal abordagem dos planos de governo com relação à temática LGBTI+. Em Goiás, por exemplo, Caiado propõe criar uma delegacia especializada em crimes raciais e de ódio. Barbalho, do Pará, prevê a implantação de espaços de acolhimento de pessoas LGBTI+ em situação de violência. Cameli, no Acre, aposta na capacitação contínua de profissionais da segurança pública com enfoque nas relações de gênero e orientação sexual.

Não há, contudo, compromissos concretos para enfrentar a violência LGBTIfóbica nos estados com mais registros de casos. No Ceará, Elmano cita a inserção de “estratégias de enfrentamento às violências e discriminação contra a população LGBTI+”, sem especificar quais seriam ou como pretende implementá-las. O estado registrou o maior número de homicídios dolosos de pessoas LGBTI+ em 2021, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Já Goiás, de Caiado, teve o segundo maior número de lesões corporais dolosas contra pessoas LGBTI+ do país no ano passado, ainda de acordo com o Anuário. Entretanto, além da criação da delegacia especializada, não dispõe de nenhuma outra proposta específica para resolver a questão.

No Distrito Federal, Ibaneis apenas cita, de forma ampla, a adoção de ações de assistência social que protejam, entre outros grupos, a comunidade LGBTI+. O governador não informou qualquer ação para diminuir os casos de LGBTIfobia. Em 2021, a unidade da federação liderou os registros de ocorrência por homofobia e transfobia a cada 100 mil habitantes, com média quatro vezes superior à nacional.

Outros temas

O tema da empregabilidade LGBTI+ aparece em mais de um plano. Cameli, do Acre, quer viabilizar programas de capacitação e inserção produtiva focados nesse grupo. No Paraná, Ratinho promete articular e incentivar a abertura de vagas de trabalho para, entre outras populações, a LGBTI+.

Fátima, governadora abertamente lésbica do Rio Grande do Norte, cita a ampliação de ações de conscientização sobre a saúde integral da população LGBTI+, além de propor políticas educacionais com ênfase nas diversidades.

Os governadores eleitos no Ceará e no Maranhão focam em órgãos de participação social. Elmano quer fortalecer o que chamou de “tripé da cidadania”, em referência ao conselho, coordenadoria e plano estaduais de proteção LGBTI+. Já Brandão vai criar um observatório para mapear violações de direitos humanos.

Não prometeram nada

Cinco governadores eleitos ignoraram a população LGBTI+ em seus planos: Antonio Denarium (PP-RR), Cláudio Castro (PL-RJ), Mauro Mendes (União-MT), Romeu Zema (Novo-MG) e Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO). Os quatro primeiros apoiam a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que também não teve qualquer proposta para essa população formulada em seu programa.

Zema e Castro governam, respectivamente, o segundo e o terceiro estados mais populosos do país. Em São Paulo, que tem a maior população do país, disputam o segundo turno Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). Candidato de Bolsonaro, Tarcísio também ignorou a temática LGBTI+ em seu plano de governo, enquanto Haddad tem diversas propostas para esse grupo. 

Leia as propostas para a população LGBTI+ dos governadores eleitos no 1º turno:

Acre: Gladson Cameli (PP)

Amapá: Clécio Luís (Solidariedade)

Ceará: Elmano de Freitas (PT)

Distrito Federal: Ibaneis Rocha (MDB)

Goiás: Ronaldo Caiado (União)

Maranhão: Carlos Brandão (PSB)

Mato Grosso: Mauro Mendes (União)

Minas Gerais: Romeu Zema (Novo)

Pará: Helder Barbalho (MDB)

Paraná: Ratinho Júnior (PSD)

Piauí: Rafael Fonteles (PT)

Rio de Janeiro: Cláudio Castro (PL)

Rio Grande do Norte: Fátima Bezerra (PT)

Roraima: Antonio Denarium (PP)

Tocantins: Wanderlei Barbosa (Republicanos)

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