editorial

Todas as letras: Diadorim passa a usar sigla LGBTQIA+ em textos da agência

Acompanhamos a mudança, mas sempre orientados pelo jornalismo que defendemos e praticamos

Eis uma pergunta recorrente e que volta e meia os veículos de mídia tradicional tentam responder: qual é a sigla mais apropriada para se referir a nossa comunidade ou movimento? Seria LGBT, LGBTI+, LGBTQIA+, LGBTQIAPN+, LGBTHQIAPD+ ou outra?

Para o espanto de muitos, não há uma resposta única nem universal. Tampouco há uma pessoa ou organização autorizada a dar a última palavra sobre a questão. A sigla — que nada mais é do que um acrônimo que reúne diversas identidade e expressões sexuais e de gênero dissidentes — é dinâmica, contextual e convencionada pelo uso.

Do antigo GLS — surgido para identificar estabelecimentos comerciais amigáveis para a comunidade — até as variações contemporâneas com mais de uma dezena de letras e números, as variações são virtualmente infinitas. Afinal, por mais que se pretenda inclusiva, nenhuma sigla é capaz de abarcar o caleidoscópico universo das experiências sexuais e de gênero que marcam a própria existência humana..

A escolha entre uma sigla e outra, em geral, costuma espelhar convicções políticas e teóricas, mas também pode ser moldada por pressões mercadológicas. Pouco ainda se discute publicamente sobre o tema, mas as redes sociais e mecanismos de busca na internet passaram a influenciar diretamente como a comunidade se nomeia e é nomeada.

Em todas as plataformas, determinadas siglas têm um desempenho de visibilidade e ranqueamento melhor que outras. A consequência disso é que inúmeros influenciadores, empresas e veículos de comunicação passaram a se pautar por métricas de engajamento e cliques, deixando o convencimento racional em segundo plano.

Ok, mas e na Diadorim?

Se você nos acompanha há algum tempo já deve ter notado que, em regra, utilizamos a sigla LGBTI+. Esse acrônimo, além de simples e inclusive, é indicado pelo Manual de comunicação LGBTI+ da Aliança Nacional LGBTI e GayLatino, de 2018, além de ser utilizado em diversas obras teóricas de referência.

Essa opção de sigla também desvia de uma questão não solucionada: a da letra “Q” de queer. Para muitos, trata-se de uma expressão estrangeira, sem uma tradução ou transposição pacífica para a realidade brasileira, e seu conteúdo ainda é alvo de intensa disputa acadêmica e entre ativistas.

Mas os tempos mudam. Com o início do novo governo, o órgão federal dedicado aos temas da nossa comunidade foi recriado e passou a se chamar Secretaria Nacional das Pessoas LGBTQIA+. Assim, além das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais — abrangidas pelo termo LGBT — a sigla utilizada agora inclui nominalmente pessoas queer, intersexo e assexuais, entre outras expressões e identidades representadas pelo símbolo “+”.

Por coerência, a mesma sigla deve ser adotada pela totalidade da administração federal, com provável efeito cascata nos demais poderes e entes federativos, cristalizando o seu uso, já amplamente difundido entre organizações da sociedade civil, empresas e órgãos públicos.

Dessa forma, a Diadorim também passará a utilizar a sigla LGBTQIA+ em todas as suas publicações, sobretudo para facilitar a cobertura das ações governamentais e o acompanhamento das políticas públicas na área. Temas estes que estão no centro do nosso projeto editorial.

A dinamicidade é uma das características mais marcantes do movimento LGBTQIA+, e a sigla nada mais é que um reflexo dessa fluidez. Acompanhamos a mudança, mas sempre orientados pelo jornalismo que defendemos e praticamos: independente, democrático e comprometido com a promoção dos direitos da nossa população.

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Redação

A Diadorim é uma agência de jornalismo independente, sem fins lucrativos, engajada na promoção dos direitos da população LGBTI+. Criada para contar as histórias da nossa comunidade, fiscalizar o poder público, denunciar violências e promover um debate plural e crítico.

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