O médico Alexandre Saadeh, representante do Hospital das Clínicas da USP. Foto: Alesp
O médico Alexandre Saadeh, representante do Hospital das Clínicas da USP. Foto: Alesp
saúde

Médico do HC é ouvido na CPI sobre atendimento a crianças e adolescentes trans

Na última quinta-feira (17 ago.), a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) do Tratamento em Crianças e Adolescentes Trans, da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), realizou uma oitiva com o psiquiatra Alexandre Saadeh, médico representante do Hospital das Clínicas da USP. Por mais de quatro horas, Saadeh elucidou as principais diretrizes de operação do Ambulatório de Transtorno de Identidade de Gênero e Orientação Sexual (Amtigos), do qual é coordenador, e respondeu a questões propostas pelos parlamentares.

Alexandre Saadeh iniciou sua participação agradecendo a oportunidade oferecida pelo presidente do colegiado, o deputado estadual Gil Diniz (PL), destacando a importância de esclarecer o trabalho realizado no HC. O médico ressaltou a natureza identitária da incongruência de gênero, na qual a criança ou adolescente não se reconhece de maneira congruente ao sexo biológico. Ele também mencionou que, apesar de constar em um CID, a incongruência de gênero não é mais considerada uma doença, conforme os mais recentes estudos científicos.

Detalhando o processo no Amtigos, Alexandre revelou que a busca por acompanhamento geralmente parte das famílias. Antes de qualquer procedimento hormonal, há uma rigorosa triagem. Apenas uma pequena fração dos que buscam o ambulatório chega, de fato, à hormonização.

Durante a sessão de perguntas, o deputado estadual Tenente Coimbra (PL) questionou sobre os critérios de diagnóstico. Em resposta, Saadeh diferenciou os termos “disforia de gênero” e “incongruência de gênero”, esclarecendo que a equipe do ambulatório adota uma abordagem investigativa e personalizada.

O deputado estadual Dr. Elton (União Brasil) trouxe a questão da influência das mídias sociais na identidade de gênero dos jovens. Alexandre concordou que a internet teve um papel fundamental durante a pandemia, mas frisou que a incongruência de gênero é um fenômeno interno do indivíduo, não sendo resultado de influências externas.

Vários outros deputados também participaram da oitiva, com Alexandre destacando o tom respeitoso das perguntas. Gil Diniz concluiu a sessão agradecendo a contribuição do médico, afirmando que as informações apresentadas enriqueceram o debate e serão incluídas nos registros da CPI para futuras considerações.

A CPI para investigar o atendimento a crianças e adolescentes trans foi instaurada pela Alesp em 26 de maio. Os deputados querem apurar as práticas adotadas no serviço oferecido pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

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