Arte: João Menezes/Diadorim
entendidas

De onde vem a expressão ‘boneca’, para se referir a travestis e gays?

Talvez você já tenha escutado alguma pessoa LGBTQIA+ usar a palavra “boneca” para se referir a travestis e homens gays. Mas você sabe de onde vem o termo?

A utilização da expressão “boneca” cresceu nos anos 1970, mas antes já era encontrada em peças teatrais, jornais e usada no dia a dia. Outros sinônimos para “gay”, naquela época, eram “enxuto” e “deslumbrado”. Depois de um tempo, o termo foi apropriada pela população LGBTQIA+, ao ponto de o primeiro dicionário de pajubá, o vocabulário da comunidade de dissidentes de gênero e sexualidade, lançado em 1992, ter sido intitulado “Diálogo de Bonecas”. 

No livro “Além do carnaval”, de James Green, a atriz Cláudia Celeste, travesti, fala que o termo “boneca” era usado como substituto para “travesti” e “gay”. “O pessoal achava que ‘travesti’ era pejorativo, aí eles começaram a chamar inclusive os homens gays de ‘bonecas’”, comenta.

Segundo a ativista Caia Maria, conselheira estadual dos Direitos da População LGBT em Pernambuco, nos anos 1980, “boneca” e “titia” passaram a ser nomes associados ao HIV/aids. A conselheira, no entanto, chama a atenção para o fato de que a palavra “boneca” extrapola o pajubá, pois era utilizada por pessoas de fora da sigla: “A princípio, o pajubá é criptoleto, anti-língua, feito pra não ser compreendido, se usavam outros termos como ‘mapo de eke’ pra travesti/mulher trans. ‘Boneca’ acaba não sendo necessariamente do pajubá, que era uma ferramenta de proteção comunicacional, mas sim compartilhada com a sociedade cisgênera”, explica.

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