Robeyoncé (PSOL-PE) e Thabatta (PSB-RN) concorriam a vagas na Câmara. Fotos: Divulgação
Robeyoncé (PSOL-PE) e Thabatta (PSB-RN) concorriam a vagas na Câmara. Fotos: Divulgação
eleições 2022

Por que Robeyoncé e Thabatta não foram eleitas, apesar da votação

Apesar de terem alcançado expressivas votações, a codeputada estadual Robeyoncé Lima (PSOL-PE) e a vereadora Thabatta Pimenta (PSB-RN) não conseguiram as cadeiras que buscavam na Câmara dos Deputados, em Brasília. No domingo (2 out.), portais de notícias chegaram a confirmar a eleição da advogada pernambucana, que acabou não se concretizando ao final da apuração. Isso ocorreu porque nem sempre os mais votados para cargos legislativos acabam, de fato, sendo eleitos.

Nas eleições para presidentes, governadores, senadores e prefeitos, o sistema adotado é o chamado majoritário. Como o nome sugere, os mais votados vencem. O sistema aplicado para deputados e vereadores, contudo, é o proporcional: nele, as vagas são distribuídas entre os partidos ou federações a partir da votação total de seus candidatos.

Pernambuco, por exemplo, elege 25 dos 513 deputados federais. Para fazer o cálculo da proporcionalidade, vale recorrer à regra de três: se as 25 vagas representam 100% do total de votos, conquistar uma das vagas demandaria atingir 4% dos votos válidos.

Nesse cenário, a federação PSOL-Rede, da qual Robeyoncé fez parte, recebeu cerca de 5,35% dos votos válidos para deputado federal em Pernambuco. O índice é suficiente para eleger um parlamentar, mas insuficiente para dois. Dessa forma, ficou com a vaga o mais votado da federação, Túlio Gadêlha (Rede-PE), que recebeu 134,3 mil votos.

Robeyoncé Lima foi a segunda mais votada da federação, com 80,7 mil votos. Apesar de ter sido a 21ª colocada em um estado com 25 cadeiras, o fator de proporcionalidade desfavoreceu a advogada. Ela fica como suplente de Gadêlha, caso o parlamentar precise se ausentar de seu mandato.

No Rio Grande do Norte, estado de Thabatta Pimenta, a disputa é ainda mais acirrada, porque o estado tem apenas oito cadeiras na Câmara. Portanto, para eleger um deputado, um partido ou federação precisa atingir cerca de 12,5% dos votos válidos.

Thabatta foi a mais votada do PSB no estado, com 40,5 mil votos, no entanto os postulantes de sua sigla somaram apenas 5,38% dos votos válidos — distante do percentual necessário para a eleição da candidata.

Candidatas comemoram votação

Em suas redes sociais, Robeyoncé fez um agradecimento aos 80 mil eleitores e declarou que seguirá na luta. “Sou a travesti negra mais bem votada da história de Pernambuco! Somos uma força a ser reconhecida e ninguém mais nos impedirá. Eu sou porque somos!”, escreveu a advogada no Instagram.

Thabatta, por sua vez, também comemorou a votação, que chamou de “histórica”. “Nasce uma nova força política nesse estado. As ‘minorias’ têm voz! Mais de 40 mil pessoas deram a resposta aos preconceituosos”, declarou.

Em outros estados, Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) foram eleitas para a Câmara dos Deputados. Elas serão as primeiras pessoas trans na Casa Legislativa. Cada uma delas recebeu mais de 200 mil votos. Ao menos 19 pessoas LGBTI+ foram eleitas nas eleições de 2022, segundo levantamento feito pela Diadorim e pelo VoteLGBT.

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