eleições 2022
Em PE, Raquel evita sigla e Marília assume compromisso com LGBTI+
A menos de duas semanas do segundo turno das eleições, a população LGBTI+ foi incluída nos debates da campanha para governo de Pernambuco, disputado por Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB). As duas candidatas foram questionadas sobre o tema em sabatina da TV Globo e divergiram no posicionamento sobre a pauta.
Na última segunda-feira (17out.), em entrevista ao telejornal NETV, Raquel foi perguntada sobre “o que a comunidade LGBTQIA+ pode esperar numa gestão”. A tucana afirmou que vai “governar para todos”.
“Nosso estado é um estado diverso. Nós vamos acolher, cuidar, proteger, qualificar pro mercado de trabalho, garantir a proteção da violência, acolher nas escolas a todos, governar para todos com democracia, de maneira justa”, disse a ex-prefeita de Caruaru, cidade do agreste pernambucano.
A resposta de Raquel Lyra repercutiu nas redes sociais, com críticas a ela, porque a candidata sequer mencionou a sigla LGBTI+ em sua fala. A reportagem da Diadorim procurou a assessoria de comunicação da candidata para um posicionamento, mas até a publicação deste texto não houve resposta.
Marília Arraes esteve no NETV na terça-feira (18out.), e, questionada sobre o mesmo assunto, foi enfática nas propostas para a população LGBTI+, caso seja eleita.
“A gente vai criar uma geração, aqui em Pernambuco, que vai ter respeito, vai ter amor, vai respeitar a diversidade. E a gente vai dar condições de acesso à saúde, de o Conselho [Estadual dos Direitos da População LGBT] funcionar efetivamente pra que as políticas públicas sejam definidas em conjunto, discutidas em conjunto com a nossa sociedade de uma maneira geral, mas especificamente com a comunidade LGBT. E punição, punição aos crimes de LGBTfobia.”
Carta de compromisso
Na semana anterior, a advogada Robeyoncé Lima (PSOL), que concorreu ao cargo de deputada federal do estado, entregou uma carta de compromisso com a população LGBTI+ a Marília Arraes — em quem ela declarou voto no segundo turno. “São inúmeras pautas que elencamos que estão relacionadas ao direito à moradia, à cidadania feminina, à comunidade LGBTIAP+, à segurança pública, à saúde, à renda e à cultura”, afirmou Robeyoncé em um postagem no Twitter.
Entre as principais propostas incluídas no documento estão a instituição do programa estadual de trabalho e empreendedorismo para LGBTI+, a descentralização de serviços de saúde voltados para essa população, implementação e ampliação de centros de referência e a garantia de respeito a identidade e integridade dessas pessoas no acesso a serviços em instituições públicas e privadas.
De acordo com a assessoria de comunicação de Robeyoncé, Marília Arraes se comprometeu em analisar todos os pontos propostos na carta.
Programas de governo
Em setembro, a Diadorim publicou uma reportagem, em parceria com a Marco Zero Conteúdo, sobre os programas dos 10 candidatos ao governo de Pernambuco, com base nos documentos protocolados por cada candidatura no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
No texto apresentado por Raquel Lyra, a campanha dela reconhecia que pessoas vítimas de preconceito “simplesmente por serem quem são” sofrem com “a exclusão social e o ultraje da violência”, mas não propôs qualquer projeto de reverter a essa realidade.
Marília Arraes, por sua vez, não citou uma só vez a sigla LGBTI+ no plano. Ela deixou de fora esse grupo até mesmo no trecho em que afirma que vai “combater as desigualdades, especialmente aquelas estruturadas pelo racismo, o machismo e a discriminação de classe.”
“Nosso estado será de todas as cores, de todas as pessoas! Igualdade de gênero, raça, direito à diversidade de pensamento e crença, serão tratados como garantias constitucionais, conquistas do estado brasileiro”, diz o texto da candidata.
