‘Violência política’: Robeyoncé anuncia que não vai concorrer à Câmara do Recife

A ex-codeputada estadual de Pernambuco Robeyoncé Lima (PSOL) anunciou, na última quinta-feira (4 jun.), que não se candidatará ao cargo de vereadora do Recife em 2024. Primeira travesti eleita na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), integrante do mandato coletivo Juntas, ela publicou uma carta aberta nas redes sociais para justificar a decisão.

“A violência política dirigida a corpos como o meu, o imperativo de que este corpo precisa ocupar determinados lugares e a insurgência deste mesmo corpo buscando elaborar suas próprias estratégias e deliberações foram alguns dos fatores que me levara a tomar essa decisão”, disse a ex-parlamentar e advogada, vice-presidenta da Comissão da Verdade sobre a Escravidão Negra da OAB-PE.

Em 2022, Robeyoncé Lima concorreu ao cargo de deputada federal e teve 80,7 mil votos. Apesar de ter sido a 21ª colocada em um estado com 25 cadeiras, ela não se elegeu. A federação PSOL-Rede recebeu cerca de 5,35% dos votos válidos para deputado federal no estado. O índice foi suficiente para eleger apenas um parlamentar — neste caso, Túlio Gadêlha (Rede-PE), que recebeu 134,3 mil votos.

No texto do anúncio, a advogada relembrou a atuação na Alepe, citando pautas relacionadas ao combate ao racismo e à LGBTfobia, além da Lei do Despejo Zero, sancionada em setembro de 2021, que proibiu todas as espécies de reintegrações, despejos e remoções no estado durante o estado durante pandemia de covid-19.

“Foi pensando nessas pessoas, que compartilham comigo diariamente o sonho de um mundo menos desigual, que escrevi essa carta aberta”, disse Lima, na postagem. “Estou certa da minha decisão, em paz, e com a consciência tranquila de que lutamos e continuaremos lutando o bom combate, mesmo que em 2024 meu nome não esteja nas urnas. Reforço o apoio às candidaturas do PSOL e o convite para nos encontrarmos nas ruas.”