Nossa esperança tem nome: é Lula
Continuidade de Bolsonaro é certeza de mais retrocessos nos direitos de LGBTIs
A população LGBTI+ no Brasil soma ao menos 15,5 milhões de pessoas — contingente enorme e diverso de seres humanos que se conecta não em torno de uma sigla, mas de uma história compartilhada. Uma história de luta guiada por um ideal de pluralidade e animada pela convicção de que cada pessoa é única e digna da mais profunda felicidade.
Cada geração de LGBTI+ deve escrever o seu capítulo nessa narrativa, legando suas vitórias e derrotas. E fazemos isso pois, ao reivindicarmos as conquistas de lutas passadas, também assumimos um compromisso com o futuro e com aqueles que virão depois de nós.
Nossa parte nessa história ainda está sendo escrita e o maior desafio da nossa geração, tudo indica, já está diante de nós: enfrentar o reacionarismo que, coligado ao nacionalismo e ao extremismo religioso, se espalha pelo mundo e nos elegeu como seus inimigos prioritários.
No Brasil, esse movimento anacrônico se organizou em torno de Jair Messias Bolsonaro (PL), o atual incumbente do Planalto. Por quatro anos, ele pilhou o país moral e materialmente, desumanizou LGBTIs, demonizou a imprensa, violentou as instituições democráticas e empurrou incontáveis brasileiros para a fome e para a morte de Covid-19.
A eventual derrota eleitoral de Bolsonaro não implica, obviamente, no desaparecimento do seu movimento político, nem é garantido que ele aceite o resultado das urnas pacificamente – a metástase bolsonarista no país é mais ampla e profunda do que muitos imaginavam. Todavia, a continuidade deste governo de extrema direita é a certeza de tempos ainda mais sombrios, de retrocessos nos direitos da população LGBTI+ e do colapso da frágil democracia brasileira.
Hoje, às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais, só a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pode frear esse projeto facínora. Só a eleição de Lula pode nos dar tempo e fôlego para enfrentar os grandes problemas do país e resgatar nossa gente da indignidade mais abjeta.
Com todas suas contradições e limites, Lula, em seus dois governos (2003-2006 e 2007-2011), entregou um país mais justo, inclusivo e menos desigual do que recebeu. O petista demonstrou sobretudo civilidade no cargo e compromisso com as regras democráticas, com a liberdade de imprensa e com a pluralidade política.
Mas declaramos nosso voto sem qualquer ilusão. A coalizão eleitoral, liderada pelo Partido dos Trabalhadores, é extremamente heterogênea e nada garante que nossos interesses estarão devidamente representados num eventual governo. Assim, seja qual for o resultado da eleição, a Diadorim permanecerá atenta, independente e comprometida com a promoção dos direitos das pessoas LGBTI+.
Nossa declaração de voto não contradiz nossos princípios editoriais; é expressão deles. Por isso, afirmamos sem titubear: para que haja futuro, a nossa esperança é Lula.
Redação
A Diadorim é uma agência de jornalismo independente, sem fins lucrativos, engajada na promoção dos direitos da população LGBTI+. Criada para contar as histórias da nossa comunidade, fiscalizar o poder público, denunciar violências e promover um debate plural e crítico.