cultura
Ilê Aiyê pode eleger a primeira Deusa do Ébano trans em 2023
Pela primeira vez, desde 1979, uma mulher trans é finalista do prêmio Deusa do Ébano, organizado pelo bloco Ilê Aiyê, em Salvador. A esteticista Laís de Araújo Ferreira, de 26 anos, é uma entre as 14 candidatas a disputar um dos concursos mais importantes de beleza e conscientização negra na Bahia. O resultado será divulgado em 28 de janeiro, durante a 42º Noite da Beleza Negra.
Também conhecida como Laís Fennell, a candidata disse em entrevista à Diadorim que está muito feliz com a conquista: “Ninguém esperou meu corpo no espaço, ninguém imaginou que teria uma mulher trans, preta”. Para ela, essa é uma “grande realização” de sua vida. “Eu represento um coletivo e sinto que a cada passo dado todos eles estão em orgulho e vibrando junto comigo.”
Laís nasceu e se criou em Canabrava, bairro periférico de Salvador. Filha de pai músico e de família materna ligada ao Ilê, ela conta que a relação com o bloco baiano é de identidade. “O Ilê me ajudou a ser quem sou hoje e entender que uma mulher como eu deve e pode estar onde queira.”
Segundo a esteticista, tanto ela quando sua torcida estão muito ansiosas para a Noite da Beleza Negra, dia em que será realizada a segunda fase do concurso. A vencedora vai acompanhar a Band’Aiyê durante o Carnaval de Salvador. “Estamos contando os dias, me preparei a bastante tempo. A felicidade não se descreve, o amor pela arte não se limita, principalmente poder contar da minha história para o mundo inteiro. Minha torcida, que nem eu imaginava que seria tamanha, está a cada passo de vibração a nível 100%. Vai ser lindo! Já está sendo lindo!”
Para concorrer ao título de Deusa do Ébano é preciso que as candidatas tenham entre 18 e 40 anos e conhecer a história do Ilê Aiyê (sobre o Carnaval e os projetos sociais). Os jurados também levam em conta na escolha a performance em dança afro e consciência cidadã sobre o papel da mulher negra na sociedade brasileira.
O tema escolhido pelo bloco para o carnaval de 2013 é o centenário de Agostinho Neto, angolano que foi importante para a emancipação do país africano.
