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Eleições serão decisivas para direitos LGBTQIA+ na Europa, diz ativista

Escolha do Parlamento Europeu acontece de 6 a 9 de junho, com previsão de guinada à direita

As ações e discursos de políticos de extrema-direita têm aumentado as ameaças e a violência contra a população LGBTQIA+ na Europa, segundo a ativista Katja Štefanec Gärtner, membro da ILGA-Europe, uma associação composta por mais de 700 organizações de 54 países europeus e da Ásia Central.  

O cenário de tensão se intensifica com as eleições para o Parlamento Europeu, que acontecem de 6 a 9 de junho. Os 27 países da União Europeia (UE) vão escolher 720 deputados para mandatos de 5 anos. As pesquisas de projeção de voto mostram que o pleito marcará uma guinada à direita no bloco.

Em entrevista à Diadorim, Katja alerta que grupos políticos que estão ganhando força “querem uma Europa muito diferente daquela em que todos acreditamos e que temos construído”. “Uma mudança política em uma única eleição pode tirar das pessoas LGBTI e suas famílias toda a segurança e proteção.”

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Em 19 de maio, em Madri, representantes da ultradireita mundial reuniram-se em um evento com mais de 10 mil pessoas, visto como uma “prévia” do pleito desta semana. 

Durante seu discurso, o espanhol Santiago Abascal, líder do Vox, partido que organizou o evento, pediu união contra a esquerda. “Diante do globalismo e da alma socialista, precisamos responder com uma aliança global que defenderá o senso comum, porque essa é uma ameaça a todos nós.” 

Entre os participantes do comício também estavam a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni (que participou por videoconferência), que criticou a barriga de aluguel, além do presidente húngaro Viktor Orbán e o ex-primeiro-ministro polonês Mateusz Morawiecki, que exaltaram valores cristãos europeus e criticaram a “propaganda de gênero”. Também esteve presente o presidente da Argentina, Javier Milei. 

Embora não tenha tido discurso de bolsonaristas, era possível ver bandeira do Brasil na plateia. 

Para Katjla, encontros como o do Vox servem para criação de bodes expiatórios e polarização, em vez de discutir questões reais e propor soluções. “A reunião em Madri mostra mais uma vez que o movimento anti-direitos e atores políticos estão globalmente conectados e seguindo um roteiro de um ataque geral aos direitos humanos.”

O líder do Vox, Santiago Abascal, e o presidente da Argentina, Javier Milei, durante um evento em Madri. Foto: Ana Beltran/Reuters

O líder do Vox, Santiago Abascal, e o presidente da Argentina, Javier Milei, durante um evento em Madri.

Foto: Ana Beltran/Reuters

Estratégia

De acordo com Katja Štefanec Gärtner, um dos objetivos explícitos da extrema direita europeia é “limitar direitos e liberdades relacionados à saúde sexual e reprodutiva, aos direitos das mulheres, bem como aos direitos das pessoas LGBTI, restaurando uma ordem mais tradicional”. Para alcançar esse objetivo, acrescenta, os conservadores têm adotado diversas estratégias, incluindo a influência em políticas públicas e a polarização da opinião pública.

Não à toa, os relatórios anuais produzidos pela ILGA-Europe mostram um aumento da violência contra LGBTQIA+, em 2023 e 2024.

“Políticos de extrema direita visam ativamente as comunidades LGBTI, não apenas em suas tentativas de influenciar políticas relevantes, como proibições da chamada ‘propaganda LGBT’ e limitação do acesso a cuidados de saúde de transição, mas também polarizando as opiniões do público, incitando ódio e medo”, afirma.

Um dos exemplos usados pela representante da ILGA-Europe é a situação da Itália. Desde a chegada ao poder do governo de Giorgia Meloni, algumas regiões do país “cancelaram o registro de mães em casais do mesmo sexo, deixando crianças com apenas um dos pais legalmente reconhecido”. Além disso, “enfraqueceram o apoio a crianças trans nas escolas” e “continuam tentando limitar o acesso a cuidados de saúde específicos para transgêneros”.

Apesar dos desafios, Katja reconhece que a União Europeia e seus Estados Membros têm tomado medidas para proteger os direitos das pessoas LGBTQIA+. Ela menciona que a Comissão Europeia lançou processos de infração contra a Hungria e usou o mecanismo de conformidade com os direitos fundamentais para reter financiamento da UE para regiões polonesas que se declararam zonas livres de LGBT. 

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Ela também pontua avanços durante o mandato atual da União Europeia, como a nomeação do primeiro Comissário para a Igualdade, e pede atenção urgente tanto a nível da UE quanto nacional para enfrentar a crescente reação negativa, injustiça racial, desigualdade e discriminação.

“A UE precisa prestar muita atenção não apenas ao aumento do discurso de ódio político contra as pessoas LGBTI, mas também a novas ferramentas de opressão, como a criminalização por parte da Rússia de um segmento inteiro da população do país”, diz.

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