O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Foto: Câmara dos Deputados
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Foto: Câmara dos Deputados
política

Transfobia, fake news e gordofobia: o histórico de Nikolas Ferreira

Deputado fez discurso transfóbico em sessão do Dia Internacional das Mulheres, na Câmara

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) corre risco de perder o mandato após fala considerada transfóbica durante a sessão especial do Dia Internacional da Mulher, na Câmara, em Brasília, no último dia 8 de março. Durante o discurso, Ferreira colocou uma peruca e disse que “se sentia mulher” e que ”as mulheres estão perdendo seu espaço para homens que se sentem mulheres”.

Após o episódio, em suas redes sociais, as deputadas Tabata Amaral (PSB-SP) e Duda Salabert (PDT-MG) afirmaram que entraram com pedido de cassação contra Ferreira no Conselho de Ética. A bancada do PSOL também se manifestou e informou que apresentou uma notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que Ferreira responda por transfobia.

Também na quarta-feira, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), criticou a atitude do deputado mineiro. “O Plenário da Câmara dos Deputados não é palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos. Não admitirei o desrespeito contra ninguém. O deputado Nikolas Ferreira merece minha reprimenda pública por sua atitude no dia de hoje. A todas e todos que se sentiram ofendidas e ofendidos, minha solidariedade”, disse Lira em suas redes sociais.

O episódio de Nikolas Ferreira, no entanto, se soma a outras várias ocasiões nas quais ele fez falas de cunho preconceituoso e de acusações de criar e espalhar desinformação. O deputado, que foi vereador de Belo Horizonte, também já esteve envolvido em investigação sobre arrecadação ilegal na campanha eleitoral de 2022. 

Relembre o histórico de Nikolas Ferreira:

Ataque a Duda Salabert

Ainda enquanto vereador de Belo Horizonte, em 2020, Nikolas Ferreira disse, em uma entrevista ao jornal Estado de Minas, que sua colega de trabalho Duda Salabert (PDT-MG), uma mulher trans, era um homem. 

Naquele mesmo ano, Salabert fez uma queixa-crime do caso. Após um pedido do Ministério Público, o aspecto da LGBTfobia da declaração de Ferreira passou a ser considerado e agora o parlamentar pode responder por injúria racial no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG).

Proibido de entrar no Cristo Redentor

Durante a pandemia de Covid-19, o deputado Nikolas Ferreira se posicionou contra a vacinação. Em setembro de 2021, o parlamentar foi proibido de entrar no Cristo Redentor por não ter apresentado comprovante de vacinação

No dia do ocorrido, Nikolas Ferreira se manifestou nas redes sociais por causa da proibição e algum tempo depois revelou ter tomado a primeira dose da vacina contra o coronavírus.

Duda Salabert

Duda Salabert (PDT-MG) foi alvo de transfobia de Nikolas Ferreira (PL-MG)

Foto: Karoline Barreto/CMBH

Exposição de adolescente trans

Em julho de 2022, Nikolas Ferreira foi investigado pelo Ministério Público de Minas Gerais pela veiculação, em redes sociais, de um vídeo em que uma adolescente trans usava o banheiro feminino em uma escola particular de Belo Horizonte. A gravação teria sido feita pela irmã do parlamentar.

No post, Ferreira questionava a utilização daquele banheiro pela estudante por se tratar de “um menino”, e aconselhava os pais a retirarem os filhos da escola. À época, Nikolas alegou não ter sido uma exposição, já que a gravação não mostrava o rosto da estudante.

Suspeita de arrecadação ilegal na campanha

Em outubro de 2022, o PSOL de Minas Gerais entrou com uma ação contra Nikolas Ferreira por suspeita de recebimento irregular de R$ 100 mil para a campanha eleitoral. O valor foi doado por Ronosalto Pereira Neves, da empresa MartMinas, investigado por obter vantagens indevidas do grupo JBS. É irregular a doação de uma empresa a campanhas. 

O valor doado pelo empresário representa cerca de 37,5% do que foi arrecadado durante a campanha do então candidato.

Informações falsas sobre Lula

Logo após o primeiro turno da eleição, ainda em outubro de 2022, Nikolas Ferreira publicou um vídeo insinuando que o então candidato a presidente Lula (PT) iria incentivar crianças a usarem drogas, durante seu governo. Ele também insinuou que Lula iria fechar igrejas.

A chapa do petista acionou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para que o vídeo fosse excluído. 

Nikolas Ferreira foi o deputado mais votado do Brasil e da história de Minas Gerais. Foto: Reprodução/Redes Sociais

Bolsonarista Nikolas Ferreira foi o deputado mais votado do Brasil e da história de Minas Gerais

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Contas retidas em redes sociais

Em 11 de janeiro de 2023, Nikolas Ferreira teve suas contas nas redes sociais Twitter, Facebook, Instagram e TikTok retidas após uma decisão judicial. A medida foi tomada após o deputado federal compartilhar informações falsas sobre as eleições e os atos de vandalismo que aconteceram em 8 de janeiro em Brasília. Em 26 de janeiro, o ministro do STF Alexandre de Moraes determinou o reativação dos perfis.

Aquela, no entanto, não foi a primeira vez que Ferreira teve as contas suspensas. Em novembro de 2022 já havia acontecido o mesmo devido ao compartilhamento de informações falsas sobre o sistema eleitoral brasileiro.

Gordofobia contra influencer

Em fevereiro de 2023, depois de ter recuperado sua conta no Twitter, Nikolas Ferreira reproduziu uma foto da influencer Thaís Carla caracterizada como Globeleza com a legenda “tiraram a beleza e ficou só o Globo”.

Após ser criticado, Ferreira publicou uma foto dele próprio com alterações para que ele parecesse uma pessoa gorda com a legenda “Pronto, agora tenho lugar de fala”. A influenciadora digital pediu indenização de R$ 52 mil por uso indevido de imagem. Depois de críticas, o deputado gravou um vídeo de desculpas irônico.

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