Três vezes em que o secretário de Direitos Humanos do RS foi contra LGBTIs

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB-RS), nomeou no início de janeiro o ex-deputado estadual Mateus Wesp (PSDB-RS) para assumir a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos gaúcha. A indicação, no entanto, tem gerado críticas e contestação por parte de grupos da sociedade civil e de políticos, uma vez que Wesp tem histórico de declarações e atuação antiLGBTI+.

Leite, que é gay, rebate as acusações e defende o secretário. “Embora possa ter divergências em temas específicos, se mostra aberto ao diálogo e sempre agiu em respeito à dignidade humana. Entidades da sociedade civil e outros políticos questionaram a decisão”, escreveu o governador em nota.

Entre 2017 e 2022, Mateus Wesp protagonizou ao menos três situações consideradas LGBTIfóbicas.

Confira os três momentos:

• Vetou gênero nas escolas: em 2017, Mateus Wesp apresentou projetos para vetar a palavra “gênero” nas escolas, quando era vereador da cidade de Passo Fundo. O texto foi aprovado;

• Criticou a criminalização da homofobia: em 2019 o político questionou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). “É o fim da liberdade e da segurança jurídica como conhecemos. Tirania pura.”, disse o atual secretário em seu Twitter; 

• Projeto contra linguagem neutra: em 2020, Mateus Wesp propôs um projeto de lei em que proibia a utilização de linguagem neutra em escolas públicas e privadas do Rio Grande do Sul e em editais de concursos públicos. A proposta foi arquivada em dezembro de 2022.

Em 2019, Mateus Wesp criticou a decisão do STF de criminalizar a homofobia

Imagem: Reprodução

Posicionamento de entidades e políticos

Nesta semana, a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) enviou um ofício ao governador Eduardo Leite questionando a indicação de Mateus Wesp para o cargo. No texto, a entidade afirma que “dirigir a pasta estadual de direito humanos na nossa concepção deveria ser alguém que compreende a dimensão exata do termo”.

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL-RS) também criticou a escolha através de seu Twitter. Além de relembrar as situações em que Wesp atuou contra a população LGBTI+, ela questionou Eduardo Leite sobre como o secretário “vai tratar estruturas sob seu comando, como a Coordenadoria LGBT e o Conselho LGBT”.

Para o deputado estadual Leonel Radde (PT-RS), Leite “está cometendo um erro gigantesco” com a nomeação do secretário. Numa postagem nas redes sociais, o petista disse que o governo está colocando “um inimigo dos Direitos Humanos nessa Secretaria tão relevante”.

Outro lado

Em nota, o secretário Mateus Wesp rebateu as críticas à sua nomeação. Ele afirmou que “a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos vai tratar do tema da diversidade e inclusão como prioridade.”