Maioria dos governadores eleitos cita população LGBTI+ em plano de governo
Propostas voltadas a essa população são majoritariamente relacionadas à área de violência e segurança pública
Em 2022, 18 dos 27 governadores eleitos citam a população LGBTI+ em seus planos de governo protocolados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Análise da Diadorim aponta, contudo, que as propostas dos futuros chefes do Executivo estadual voltadas a esse grupo são majoritariamente relacionadas à área de violência e segurança pública. Um número menor de eleitos cita políticas de saúde, educação e emprego dessa população entre suas prioridades.
Todas as regiões do país tiveram ao menos um governador eleito com alguma proposta envolvendo a população LGBTI+. Por outro lado, os vencedores nos três estados mais populosos do país ignoraram o tema em seus planos: Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Cláudio Castro (PL-RJ). Os três apoiaram a candidatura derrotada do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Nos estados do Sudeste, apenas Renato Casagrande (PSB), do Espírito Santo, se comprometeu com a comunidade. O cenário é o oposto no Nordeste, em que apenas Raquel Lyra (PSDB) ignorou o assunto. Todos os outros oito eleitos na região citaram a população LGBTI+.
Completam a lista dos eleitos sem promessas Antonio Denarium (PP-RR), Coronel Marcos Rocha (União Brasil-RO), Jorginho Mello (PL-SC), Mauro Mendes (União-MT) e Wanderlei Barbosa (Republicanos-TO).
Segurança pública
Dos 18 governadores eleitos que citaram a população LGBTI+, 6 deles o fizeram em conjunto com outros grupos, como pessoas com deficiência, idosos e mulheres.
Dessa forma, apenas 12 fizeram ao menos uma proposta inteiramente dedicada à população LGBTI+. São eles Clécio Luís (Solidariedade-AP), Eduardo Leite (PSDB-RS), Elmano de Freitas (PT-CE), Fábio Mitidieri (PSD-SE), Fátima Bezerra (PT-RN), Gladson Cameli (PP-AC), Helder Barbalho (MDB-PA), Jerônimo Rodrigues (PT-BA), João Azevêdo (PSB-PB), Paulo Dantas (MDB-AL), Rafael Fonteles (PT-PI) e Renato Casagrande (PSB-ES).
Todos eles abordam a temática da violência e segurança pública entre suas prioridades das políticas LGBTI+. Outros temas recorrentes são a implantação de serviços de saúde especializados, desenvolvimento de programas de emprego e renda, fortalecimento de instâncias de participação social e capacitação de funcionários públicos.
Entre propostas diferentes está o compromisso de realizar um censo LGBTI+ assumido por Fábio Mitidieri (SE). O governador eleito também propõe estabelecer convênios para oferecer vagas para pessoas LGBTI+ em cursinhos pré-vestibulares.
Jerônimo Rodrigues, da Bahia, foi o único que se comprometeu expressamente a fomentar educação sexual em sala de aula, com o objetivo de enfrentar a LGBTfobia e dialogar sobre a diversidade. O plano do petista cita também a construção de um protocolo de acolhimento e acompanhamento da comunidade escolar com relação a gênero e orientação sexual.
População trans
Travestis e transexuais foram contemplados com propostas específicas de governadores na Bahia, Paraíba, Rio Grande do Sul e Sergipe. O paraibano João Azevêdo e o sergipano Fábio Mitidieri falam em implantar ambulatórios especializados na saúde desse grupo.
No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite propôs criar casas abrigo para pessoas trans em situação de violência. Já Jerônimo Rodrigues (BA) quer ampliar a política de cotas voltadas a essa população nas instituições estaduais de ensino técnico-profissionalizante e superior.