Deputado chama direito LGBTI+ de ‘aberração’, em material de campanha
Candidato a reeleição no Rio de Janeiro, o deputado estadual Fábio Silva (PL) tem enviado cartas a eleitores com mensagens de cunho LGBTIfóbico. A denúncia foi feita por uma mulher que enviou imagens à Diadorim e disse que nunca forneceu endereço ao deputado nem à candidatura dele.
Na correspondência entregue na última quarta-feira, o candidato se dirige às pessoas como “irmãos em Cristo” para fazer um “alerta importante”. A mensagem, com erros gramaticais e de grafia, diz: “estamos há poucos dias de escolhermos os candidatos que vão, durante 4 anos, nos representar! Quando eu digo NOS REPRESENTAR, quero dizer eles nos representarao e defenderão nossos PRICÍPIOS CRISTÃOS” (sic).
Segundo Silva, cristãos devem votar em pessoas que sejam contra “ideologia de genero, destruição da família tradicional, aborto, perseguição religiosa contra as igrejas, doutrinação nas escolas, legalização das drogas, casamento de pessoas do mesmo sexo e comunismo” (sic). O deputado ainda diz que é contra “aberrações”, ao se referir a direitos como o acesso de pessoas trans a banheiro feminino, o uso de nome social e “privilégios”, segundo ele, de LGBTI+ no sistema prisional.
No material de campanha, Fábio Silva pede voto para Clarissa Garotinho (União Brasil), candidata a Senado, Claudio Castro (PL), candidato a governo, e a Jair Bolsonaro (PL), que concorre à Presidência.
Para Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI+, o conteúdo divulgado pelo parlamentar é LGBTIfóbico e configura discurso de ódio. O ativista orienta que todas as pessoas que receberam o material denunciem para o Ministério Público e afirma que a Aliança irá acionar as autoridades para adoção das medidas cabíveis contra o candidato.
Segundo Reis, infelizmente “a comunidade LGBTI+ é utilizada por políticos de extrema direita para ganhar mais votos”. Ele lembra que essa estratégia de pânico moral já foi empregada em eleições passadas. “É um discurso de ódio que devemos combater”, finaliza.
Procurada pela reportagem, a assessoria de imprensa do Ministério Público do Rio de Janeiro sugeriu que o caso fosse comunicado à Ouvidoria da instituição, “para que possa ser apurado”.
A Diadorim entrou em contato com o gabinete do deputado estadual Fábio Silva, mas não tivemos resposta até a publicação deste texto.