Tecnologia, conteúdo e informação por um jornalismo mais inclusivo e acessível
Projeto lança um manual de boas práticas, uma ferramenta de diagnóstico e um podcast
Depois de um ano de aprendizados na busca por um jornalismo mais diverso e inclusivo, o projeto “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê” lança nesta quarta-feira (24) mais produtos e soluções voltados à inclusão das pessoas cegas e com baixa visão no consumo de conteúdo jornalístico de qualidade. Dessa vez, estão disponíveis no endereço www.lumeacessibilidade.com.br uma ferramenta de diagnóstico para portais jornalísticos e um manual de boas práticas para a construção de sites e conteúdos acessíveis. Já no https://anchor.fm/lumecast está uma série de três episódios do LumeCast sobre temas de interesse do universo das pessoas desse segmento.
Em abril deste ano, o projeto, realizado pela Universidade Católica de Pernambuco e uma rede formada por nove organizações de jornalismo independente do Nordeste, entre elas a Marco Zero, já tinha lançado uma pesquisa sobre a oferta e o consumo de conteúdo jornalístico por pessoas com deficiência visual e um aplicativo curador de conteúdo acessível.
“Com a ferramenta, o manual e os podcasts encerramos as entregas deste projeto financiado com suporte do Google e que buscou uma solução integrada para o problema da falta de conteúdo jornalístico acessível e de qualidade para as pessoas que não enxergam ou que têm baixa visão. Esperamos que todo este trabalho, realizado ao longo de um ano, tenha sido apenas um ponto de partida para um debate ainda mais amplo e para novas soluções que incluam este e outros grupos sub representados na pauta das organizações jornalísticas de todos os portes e formatos”, comenta a coordenadora geral do projeto, Carolina Monteiro, diretora da Escola de Comunicação da Unicap e uma das co fundadoras da Marco Zero. “As soluções oferecidas mostram, por exemplo, que algumas das soluções são simples e podem ser implementadas sem grandes investimos, ou mesmo a custo zero para as empresas. Basta vontade e decisão”, completa.
É o caso do teste de acessibilidade disponível no www.lumeacessibilidade.com.br. Em formato online e disponibilizada de forma gratuita, a plataforma de diagnóstico construída pela iniciativa indica as mudanças necessárias e as diretrizes básicas que as empresas de jornalismo precisam seguir para garantir a acessibilidade nos seus portais. A ferramenta foi desenvolvida para sinalizar as falhas e a presença de obstáculos que impeçam as pessoas cegas e com baixa visão de navegarem pelos sites e consumirem o conteúdo com qualidade de navegação e usabilidade. “Esta solução gera um impacto importante para o mercado jornalístico, no qual poucos profissionais conhecem as diretrizes de acessibilidade e poucas empresas apostam na aplicação das recomendações. A ferramenta alerta sobre os erros presentes nos sites e direciona a forma de corrigi-los, destacando a necessidade de adequar principalmente o design de interface ao público com deficiência”, destaca o coordenador de Desenvolvimento, Anthony Lins.
Como complemento da ferramenta de diagnóstico, o projeto desenvolveu o manual de boas práticas “Por um Jornalismo Acessível”, que busca direcionar profissionais de jornalismo, design ou TI nas empresas jornalísticas para na implementação de recomendações de acessibilidade e na estruturação de seus sites e nas produções de conteúdo. “Com o manual, queremos gerar conscientização dos jornalistas sobre a necessidade de garantir o direito à comunicação. O material foi criado para ser um guia prático de criação e distribuição de reportagens e projetos jornalísticos digitais que não gerem obstáculos ou tenham lacunas que possam negar às pessoas cegas o acesso à informação”, destaca a coordenadora de operações e idealizadora do projeto, Mariana Clarissa.
O Manual oferece um breve contexto histórico da pessoa com deficiência no mundo e no Brasil, pontua as expressões corretas que devem ser utilizadas, explica como construir sites acessíveis e como descrever elementos imagéticos e, por fim, traz um passo a passo de como garantir a acessibilidade em publicações nas redes sociais. “Os temas pensados para o manual trazem uma perspectiva geral da realidade da pessoa com deficiência e os avanços do segmento dentro do aspecto social, comportamental e de políticas públicas. Com o manual vamos contribuir para que profissionais da comunicação aprofundem os conhecimentos sobre acessibilidade digital e comunicacional e, assim, incentivá-los a garantir o acesso das pessoas com deficiência aos conteúdos criados por eles”, completa o consultor em acessibilidade do projeto, Michel Platini.
Clique aqui para baixar o Manual Por um Jornalismo Acessível
Finalizando o conjunto de produtos lançados nesta etapa, a iniciativa apresenta também o LumeCast, um podcast com três episódios que discute as questões de identificação de gênero e raça das pessoas com deficiência visual e retrata o processo de conquista da autonomia da mulher cega, além de expor os bastidores da construção da série e as maneiras de garantir a acessibilidade em produções em áudio. O conteúdo foi produzido de forma colaborativa entre os jornalistas da Marco Zero Conteúdo, Eco Nordeste, Olhos Jornalismo, Mídia Caeté e a newsletter Cajueira e está disponível nas plataformas de streaming.
Clique aqui para ouvir os episódios do LumeCast
Rede de jornalismo
Os produtos construídos pelo projeto “Acessibilidade jornalística – um problema que ninguém vê” fazem parte dos resultados prometidos ao desafio de inovação do Google News Initiative (GNI), que selecionou o projeto e outras oito propostas brasileiras na sua edição de 2021. A iniciativa foi realizada em rede, com coordenação da Marco Zero e da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), com a participação de Eco Nordeste (CE), Mídia Caeté e Olhos Jornalismo (AL), Coletivo Retruco e Diadorim (PE), Revista Afirmativa (BA), Agência Saiba Mais (RN) e newsletter Cajueira (NE).